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Depoimento de autores

 

Meninas - ladies, first - e meninos, eu vi! De 1981 a 2003 fui testemunha ocular dessas esplêndidas festas das letras, das artes, da cultura e, especialmente, da leitura e da cidadania!

Na primeira, ainda como Jornada Regional, no hoje longínquo 1981! Lá estavam Antônio Carlos Resende, Armindo Trevisan, Carlos Nejar, Cyro Martins, Josué Guimarães, Mário Quintana, Moacyr Scliar e, na categoria de jovens escritores, Sérgio Capparelli e eu.

Para a segunda, em 1983, já como Jornada Nacional,  vieram juntar-se a nós Antônio Callado, Fernando Sabino, Luís Fernando Veríssimo, Luiz Antônio de Assis Brasil, Lya Luft, Millôr Fernandes e Otto Lara Resende.

Estive em quase todas as Jornadas, como escritor convidado ou como um dos coordenadores dos debates, sucedendo a Josué Guimarães, que imprimiu um estilo bem-humorado à condução das palestras, marca registrada desse grandioso evento em todas as edições que se seguiram.

Esses encontros antológicos entre escritores e leitores, entre artistas e público, ensejaram que conferencistas e palestrantes tenham falado a multidões de interessados.

Na primeira Jornada os participantes foram centenas e nas seguintes foram milhares. Não havia recinto onde coubessem todos e por isso as Jornadas passaram a ser realizadas sob lonas de circo, tantos eram os inscritos.

Aquelas equipes, tendo à frente a professora Tania Rösing, têm feito mais por leitores, livros e autores do que muitos ministérios, secretarias, etc. A grandeza e o alcance do notável empreendimento inspiraram outras iniciativas em todo o Brasil.

Reitero o que sempre disse ao longo desses anos. Mais do que aproximar autores e leitores, essas Jornadas bienais aproximaram o público dos livros, desde a primeira edição. E o fizeram permanentemente, pois houve intensa avaliação e preparação no interstício de dois anos entre uma Jornada e outra.

Ao escrever este breve depoimento, este escritor não escreve apenas o que houve ou o que ouve. Escreve o que sente: muitas alegrias por ter participado de tantas Jornadas e dado sua modesta contribuição a que elas se tornassem o que hoje são: uma referência solar para o povo do livro no Brasil!

Aquele jovem escritor de 1981, hoje no outono de sua existência, passados trinta anos, sabe que aquelas pessoas que o convidaram para integrar o memorial vivo dessas Jornadas, que desde então brotam bienalmente, não sabem a alegria que lhe deram! Isso, somente ele sabe, pois algumas coisas de nós mesmos apenas nós as sabemos. E algumas outras nem nós, são mistérios.

Aqueles coordenadores, escritores, professores e, principalmente, os alunos sempre deram imorredouras lições da verdade do provérbio que um dia, em minha adolescência profunda, um dos padres-professores ensinou a esse então seminarista: "Si vis, potes". Se queres, podes.

Passo Fundo quis e pôde! Tornou-se referência nacional e internacional de autores e leitores!  

                                                                Deonísio da Silva

 

 

Quando penso no impulso que as Jornadas de Passo Fundo deram à divulgação da literatura no Rio Grande do Sul, e até no país, de modo especial junto aos estudantes e ao grande público, fico atordoado.Como foi possível a efetivação de um tal tsunami?

O fenômeno merece reflexão.

Primeira observação: é preciso destacar um fato: atrás disso tudo esteve, em todo o tempo, uma mulher lúcida, de um dinamismo devastador (no bom sentido da palavra), e carismática: Tania Rösing. Sem sua animação, o projeto não teria tido tal amplitude e rigor. Isso prova que o pioneirismo, a obstinação e um notável “faro” em relação ao que as pessoas “esperam” da arte e da literatura, tem vez em nosso mundo sem imaginação. 

Segunda observação: a equipe que a professora Tania montou e sua integração com a corajosa Universidade de Passo Fundo permitiram que o projeto encontrasse eco não só regional, mas estadual-nacional. 

Terceira observação: embora os responsáveis pelo evento estivessem, em todas as ocasiões, ligadíssimos com as repercussões da mídia e com outros fatores do gênero, é preciso reconhecer que a lista dos convidados, sua qualificação, a escolha dos debatedores, etc., pesam a favor das Jornadas. Não reconhecer isso é mesquinhez.

Quarta observação: acho que Madame Sorte, o Acaso, ou - como é minha opinião pessoal, a Providência Divina colaborou no empreendimento. As Jornadas se constituíram quase num milagre cultural gaúcho.

Quinta observação: a esta altura, é preciso repensar os critérios que funcionaram no transcurso dos anos. A literatura, talvez, já não seja exatamente a mesma de “outrora”, e, no mundo da informática e da internet, deixe de ser “espetáculo e atração”. Talvez valha a pena considerar a literatura algo mais do que tem sido considerada: uma conquista árdua, longa, e combativa da sensibilidade, da inteligência e da criatividade verbal da humanidade. Talvez a melhor maneira de as Jornadas Literárias de Passo Fundo continuarem “a ser o que eram”, consiste em aprofundá-las, mesmo com diminuição da publicidade e das adesões fáceis. Passar do plano horizontal para o plano vertical.

Quanto ao mais, felicito os autores desse prodígio sociocultural de bom gosto e didatismo!                                                              

    Armindo Trevisan 

 

 

Parece mentira que já se passaram trinta anos de Jornada. Não me esqueço de que participei da primeira Jornada. Minha turma era composta pelo Cyro Martins, Sergio Capparelli, Armindo Trevisan, todos sob a direção da generala Tania Rösing. Repercute até hoje no coração de minha memória o que disseram meus colegas sobre os significado da palavra artística, mágica, de nossa literatura. Lembro-me de que o interesse e atenção dos participantes me causaram uma vibração interior que facilitaram minha palavra. Minha palavra jorrava e, às vezes, era  exatamente o que desejava dizer sobre a literatura, os livros dos outros escritores e os meus próprios. Confesso que o interesse do público me tornava a palavra transcendente: sou grato a quem me convidou: a professora Tania Rösing.

                                                            Antonio Carlos Resende  

 

 

Do resto do Brasil até Passo Fundo, era necessário fazer uma grande jornada. Com o tempo, aconteceu uma inversão: de Passo Fundo a todos os cantos do Brasil, uma grande Jornada.

De fato, as Jornadas Literárias de Passo Fundo passaram a integrar a geografia da Literatura, mudando a direção de fluxos do saber, que normalmente vai dos grandes centros ao interior do país.

O motivo 'é simples: o interior, com Passo Fundo, passou a grande centro de Literatura. Do saber sabido. E do saber ainda em construção.

Graças ao que se sabe e ao que se espera saber, Jornadas Literárias de Passo Fundo.

                                                                             Sérgio Capparelli  

 

                                              “O mundo civilizado não vive sem a literatura”

                                                                                     Luciana Villa-Boas

Revendo meus escritos e fotos sobre as Jornadas Literárias de Passo Fundo, me dei conta de que já participei de Jornadas com todos os tipos de adversidades climáticas, desde muito frio até o forte calor  como da última Jornada.  Além de enfrentar as mudanças climáticas, também constatei que estive participando das Jornadas em vários espaços: AABB, área onde atualmente se encontra o Bourbon até chegar a Universidade. Fui aluna da professora e Doutora Tania Rösing, na disciplina de Literatura, no curso de Letras e fui também jornadete.

O percurso literário, o acesso à Pré- Jornada, Pré- Jornadinha, Mundo da Leitura, cursos paralelos às  Jornadas são aventuras para nunca mais esquecer . Nas Jornadas, sempre que podia, levava meus filhos. Hoje levo meus netos.

Como professora de Literatura e Bibliotecária  confesso a alegria e satisfação que é fazer  parte da história das Jornadas. Desse  encontro  ímpar,  onde o “estimado público”,  tem a oportunidade de  interagir , texto , leitor, neoleitor, criança leitora e escritor, ter a oportunidade de levar os alunos na Jornadinha, cuja primeira edição foi em 2001, ouvir, ver, conhecer, se entusiasmar, comprar livros, correr atrás do autor por um autógrafo e dedicatória para familiares e amigos. Essa tietagem acontece comigo a cada dois anos nas Jornadas.

O estímulo que recebo durante essa semana literária, aliás, que se parece em alguns aspectos com a Semana de Arte Moderna de 22, serve como combustível para continuar acreditando que é possível  construir   um Brasil que lê.

Iniciativas pioneiras como as Jornadas de  Literatura promovem o encontro de leitores, escritores e amantes da literatura  de todo país e  também de  outros países. 

Antonio Skármeta, autor da famosa obra O carteiro e o poeta, tem um  programa na Skay. Ao chegar do Brasil, após participar da 7ª Jornada Nacional  de Literatura,  teceu comentários  positivos para o evento, evidenciando que jamais tinha presenciado um espetáculo literário dessa magnitude. 

                                                                           Mara Cindia Destri

 

 

Trinta anos de Jornada! Uma adulta que cresceu comigo. Explico: não tenho só trinta anos, mas minha maturidade intelectual, cultural e literária tem. Essa ampliação de meus horizontes de conhecimentos aconteceu, em grande parte, a partir da participação nesse espaço múltiplo, rico, global, denominado Jornada Nacional de Literatura, que, a cada dois anos, traz o mundo para Passo Fundo proporcionando uma efervescência cultural, uma ansiedade boa, uma curiosidade instigante, abrindo-nos janelas para mundos percebidos pela corajosa e perspicaz Tania Rösing. Mas o embrião desse gosto pela Jornada começou antes, ainda quando era aluna do curso de Letras e a professora Tania organizava as Semanas de Estudos de Literatura (nem lembro mais do nome certo). Ali se plantou em mim essa paixão que se renova a cada Jornada e não me abandona nem nos momentos de ausência. Esse encantamento nunca arrefeceu e venho tentando, ao longo desses trinta anos, passá-lo para crianças de escolas públicas, para alunos da educação de jovens e adultos, para professores do ensino fundamental e para alunos do curso de Pedagogia da UPF, especialmente através da atuação nas Pré-Jornadas.  E, assim, continuamos todos, cada vez mais, a ver o mundo em Passo Fundo.

                                                                                                 Maria Lêda Loss

 

 

Participar das Jornadas de Literatura é encher-se de cultura, conhecimento, lazer e emoção. Participei de todas as Jornadas, pois é uma forma de estar atualizada em relação às obras literárias publicadas, ensaios e experiências de grandes personalidades, além de ter a oportunidade de transitar pelas bancas de livros com títulos atraentes e tendo o desejo de levá-los para casa e deleitar-se nas leituras. Mas, o mais emocionante é conhecer pessoalmente escritores, jornalistas de renome que só vemos pela TV ou fotos e, ao retornar à escola, contar aos  alunos “ olha, eu conheci Mário Quintana , participei da homenagem quando ele completou oitenta anos, e tenho um livro  com seu autógrafo”. São recordações que se levam para a vida toda.

                                                                              Jocélia Elena Baldi Faccenda

 

 

As Jornadas Literárias são momentos mágicos, especiais, de cultura, lazer, conhecimento aguardados com grande ansiedade. A cada dois anos a emoção se repete: fazer a inscrição, receber a visita das divulgadoras das Pré-Jornadas, descobrir os autores, nacionais ou internacionais, ler suas obras, biografias, reunir o grupo de colegas e partilhar as leituras com entusiasmo. Motivadas, motivar os alunos a também conhecerem autores e livros e, preparados, apreciar devidamente todos os participantes e atividades desse evento grandioso.

As Jornadas Literárias de Passo Fundo deram origem a outro acontecimento não menos espetacular, a Jornadinha, bem como ao título de Capital Nacional da Literatura a Passo Fundo, pelo grande incentivo à leitura.  Esse maravilhoso projeto é fruto de um sonho tornado realidade através de muito trabalho, perseverança, coragem e empenho da querida professora e amiga Tania Rösing e sua equipe maravilhosa, comprometida em promover a literatura e a arte. E cada Jornada supera a anterior em criatividade, novidades, exposições, cursos, encontros...

Parabéns pelos trinta anos de lutas, desafios, alegria, diversão e saber! Parabéns, pelo belo espetáculo que nos proporcionam! Parabéns, querida Tania e equipe!  Não esmoreçam...

                                                                                            Iracema Hahn Miotto

 

 

A relação amorosa entre o livro e o leitor ainda será uma relação até mais forte, porque, também, espiritual. Mas a obra como o amor não tem sua origem na consciência.  A obra nasce nos mitos do inconsciente e é modificada pelo consciente.  É a consciência que faz erguer das profundezas do inconsciente o bruto para acrescentar, para suspender, para mudar. 

  Antonio Carlos Rezende