Depoimento de autores
Então, eu acho que uma das coisas que a gente pode dizer, assim, fundamentais para um encontro desses é que os livros são indicados para vocês. Vocês sabem os autores que vêm. Então, vocês leram esses autores. Algumas perguntas bem pertinentes, sobre a obra do autor, foram feitas e foram respondidas. Mas eu tenho a impressão, e pode ser que eu esteja errado, de que o ponto alto desta Jornada está justamente na oportunidade que vocês têm em conhecer os escritores. Vejam vocês que o lado humano, o lado humano, vocês ficaram conhecendo agora, que os escritores não são aquelas pessoas sisudas, muito sérias, não são até aqueles muito cultos que vocês pensavam que fossem. E nós somos muito iguais. Nós somos muito parecidos. A única diferença que há, por exemplo, entre mim e vocês é a questão de idade. Só. Mais nada. Então eu acho que valeu por todo esse contato humano, pela possibilidade de a gente conversar, de se encontrar, por tanta entrevista que se deu, tanta coisa que se disse. Esse contato humano entre vocês e nós eu acho muito bom. Vocês vão ler os livros de todos nós assim, com mais intimidade, com mais conhecimento de causa, sabendo quem escreveu, conhecendo melhor as pessoas.
Josué Guimarães
Participei das primeiras Jornadas de Passo Fundo, com o entusiasmo de quem, como Lygia Fagundes Telles, Rubem Braga, Fernando Sabino e outros, éramos contagiados pelo entusiasmo de Tania Rösing. Nós a considerávamos uma idealista incrível, porém, com tanta coisa neste país condenada ao fracasso que tantas vezes coroa projetos culturais entre nós, grande engano o nosso.
Lembro minha primeira vez, acompanhando meu falecido marido, professor Celso Pedro Luft, e a segunda, em que a convidada era eu. Falei para um público inacreditável para aqueles inícios, de umas mil e duzentas pessoas, que escutaram silenciosas, e, no fim, aplaudiram de pé. Chorei de emoção e um pouco de susto: que gente era aquela, que lugar era aquele, em que literatura parecia algo sagrado?
Mais recentemente voltei à Jornada e constatei que tudo ali virou uma cidade da cultura, de fazer inveja a qualquer primeiro mundo. O esforço de Tania deu frutos como raras vezes se viu, milhares e milhares de pessoas de todas as idades começam a curtir livros, ou desen- volvem esse seu gosto, escritores se entusiasmam, jornalistas se surpreendem.
Com mais gente feito Tania e sua enorme e competente equipe de auxiliares, o Brasil certamente seria diferente, pois ler é ajudar-se a crescer. E como estamos precisados disso.
Lya Luft
Sem exagero esta foi uma jornada do Bernard. Foi uma Jornada das estrelas.
Millôr Fernandes
Esse é o maior público que já encontrei em minha vida para debater literatura. E isso me enche de alegria.
Antonio Callado
É uma espécie de coliseu ao contrário em que as feras são atiradas aos cristãos – no caso as feras da literatura brasileira entregues à curiosidade, ao escrutínio e à benevolência decididamente cristã de uma multidão. Que no fim, em vez da morte, pede o seu autógrafo. Não que estas jornadas literárias não sejam sérias. Coisas importantes são discutidas, depoimentos inéditos são registrados (muito do que está neste livro não foi dito em nenhum outro lugar, o seu valor histórico é imenso) e o encontro é enriquecedor tanto para o público quanto para os convidados. Mas o clima é de celebração. E o que se está celebrando é a literatura, o sortilégio do livro, o prazer da leitura e a rara oportunidade de escritor e leitor se enxergarem, e se ouvirem. Deste coliseu todos saem vivos. Aliás, mais vivos do que chegaram.
Luis Fernando Veríssimo
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