Depoimento de autores
Sempre ouvi falar muito bem das Jornadas Literárias de Passo Fundo, mas só quando tive a oportunidade de participar de uma delas entendi sua real dimensão. É fascinante perceber como os livros, os autores e principalmente os leitores ganham o merecido destaque em um país onde assuntos bem menos relevantes logo recebem status de estrelas. Com toda certeza, vários novos leitores serão formados graças a essa já longa Jornada. E, juntando as duas palavrinhas grifadas, recordo o nome de um seriado antigo cujo lema aqui pode ser parafraseado: Audaciosamente indo onde nenhuma movimentação cultural jamais esteve.
Luiz Dill
Entre os muitos méritos das vitoriosas Jornadas Literárias de Passo Fundo, três resultados, no meu entendimento, se destacam de modo especial: a promoção da leitura, com mobilização entusiasmada de milhares de jovens e crianças em torno do livro , em especial do texto literário; a difícil reunião de escritores e especialistas em literatura, situados como estrelas-núcleo de empolgantes espetáculos culturais; a colocação da simpática e acolhedora Passo Fundo no calendário cultural do Brasil. Ao longo de trinta anos de trabalho árduo e superação de obstáculos que se afiguravam por vezes quase intransponíveis, Tania Rösing e sua equipe asseguraram a continuidade do arrojado projeto. A validade do esforço e do empenho pode ser avaliada, entre outras dimensões, pelo descompromissado entusiasmo dos participantes das Jornadinhas, pelo raro índice de leitores per capita por ano atingido pela comunidade, situados na faixa de 6.5, e pelo reconhecimento da exigente confraria das letras.
Domicio Proença Filho
A primeira vez que estive em Passo Fundo foi no início dos anos 90. Desembarquei com a equipe do Proler e, já no jantar de recepção, entendi que estava numa cidade diferente, na companhia de pessoas diferentes, que encaravam os desafios de mostrar que o trabalho com a leitura, no seu sentido mais amplo, não era coisa de desocupados, como pensavam e pensam alguns países afora. Já tinha ouvido falar da Jornada, mas só vim a participar dela mais de uma década depois, em 2007, quando redescobri a cidade e novas pessoas diferentes no mesmo barco de antes, ainda a navegar, firme e forte. Naquele belíssimo circo colorido, viajei todos os dias, no palco e na plateia, à minha infância e a mundos imaginários, que, a partir de então, adotei como meus lugares de voltar sempre, onde quer que esteja.
Tenho amigos muito queridos na cidade que agora, vocês me desculpem, já é minha também (peguei emprestada e não devolvo mais). E devo essa alegria à Jornada Literária.
Flávio Carneiro
Lembro de percorrer, em pouco mais de duas horas, vários espaços em forma de lona de circo, repletos de estudantes, para falar sobre literatura e, acrescentei, valores e posturas essenciais para uma boa formação profissional.
Os ambientes estavam, no entanto, muito agitados, febricitados por uma sensação de euforia e grandiosidade que parece nortear a Jornada, que historicamente começou com produtividade intelectual assegurada pelo fato de os participantes terem lido previamente os livros debatidos ou os autores apresentados. No entanto, com o crescimento do projeto, talvez essa produtividade precise ser reavaliada, com foco mais na qualidade dos encontros que na quantidade de participantes envolvidos.
De qualquer modo, é seguramente a realização mais bem organizada no ciclo nacional de fomento da leitura, de cujo sucesso pleno o país depende para pleno desenvolvimento, como atesta a história dos países desenvolvidos, que tiveram seus ciclos de democratização da leitura há mais de século.
Domingos Pellegrini
Estar na Jornada, ver o circo da literatura lotado à noite, ver a multidão de crianças no dia seguinte tomando novamente o espaço, realmente, me impressionou. Mas a emoção que vivi foi mesmo poder lembrar, no bate-papo sobre “Literatura de invenção”, em 2007, que o primeiro livro que li veio da biblioteca do professor Paulo Saraiva. Ele era o odontólogo que saía de Bom Jesus com um fusquinha e se dirigia até Passo Fundo para as suas aulas na universidade. Sua esposa, Eny, me alcançou Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos. Aquele menino deve ao casal o que ocorreria então, o começo de sua trajetória, o que escreveria depois. Estar em Passo Fundo foi sentir a presença do professor Paulo Saraiva, também ele um incentivador da leitura, que já não se encontra entre nós.
Numa mesa de “Literatura de invenção”, da invenção literária que exige um leitor mais apurado, pude me emocionar falando do meu primeiro livro. Isto também é a Jornada!
Paulo Ribeiro
Lembro perfeitamente da minha participação na 1ª Jornadinha de Passo Fundo e de como me emocionei com o espetáculo oferecido; na ocasião, eu era uma escritora recém-nascida para o mundo literário, com apenas dois livros publicados; mesmo assim, fui acolhida como uma celebridade. Recordo-me do carinho das "jornadetes"; da perseguição dos jovens leitores, da forte personalidade da professora Tania Rösing. Além disso, paralelo aos eventos compartilhados com o público, corria, nos bastidores e nos espaços coletivos dos hotéis, um clima de confraternização entre os escritores convidados. Esses encontros nos bares e restaurantes promoviam, informalmente, belas discussões e debates. Podem imaginar como usufruir do convívio com tantos nomes conhecidos maravilhou essa autora então novata. Se declarar apenas isso, entretanto, correrei o risco de limitar o alcance e os interesses do evento, que ultrapassa o mero transformar de escritores em estrelas pop e oferecer uma vitrine grandiosa à cultura literária. Não, a Jornada é, também, - talvez principalmente – uma celebração do leitor e da leitura. Ao lado de tantos eventos, a Jornada contribui para destacar o Rio Grande do Sul como um estado que valoriza a arte da escrita e forma leitores. É, portanto, como leitora que eu, gaúcha e amante das letras, prefiro prestar a minha homenagem.
Paula Mastroberti
Não é à toa, não é favor algum, não é um aceno retórico de politicagem cultural gritar-se aos quatro ventos que Passo Fundo é a capital nacional da literatura. Essa denominação, aparentemente exagerada, sustenta-se na Jornada Nacional de Literatura, que a UPF promove – sempre criativamente – desde os anos 1980. Em meio a alguns eventos indiscutivelmente consistentes, importantes, como a Feira do Livro de Porto Alegre ou a Festa Internacional de Paraty, a Jornada Nacional de Passo Fundo tem um decisivo (e favorável) diferencial: além de, a exemplo dos demais, promover o encontro entre autores regionais, nacionais e internacionais, oferece ao público a presença de nomes seminais das letras vindos de várias partes do mundo e de nossa aldeia. Nada mais afável, nada mais corajoso e admirável pelo arrojo e pela seleção de nomes notáveis. Mas até aí (o que não é pouco), dois ou três outros eventos fazem. O que a Jornada Nacional de Literatura faz a mais é: 1) as características de festa efetiva quando seu ambiente se dá sob lonas de circo, retirando o peso sisudo da arte aos mais desavisados e justamente seduzindo-os com uma leveza e uma cordialidade inexistentes nos demais eventos; 2) a presença da universidade como força à frente de tudo, força organizadora, gestora, lúcida e aberta, a orientar de maneira mais orgânica, mais efetiva, mais funcional, mais produtiva, mais formadora o público que não resiste e lota as dependências do local onde ocorre a Jornada; 3) a programação diligentemente pensada e conduzida para atender às mais diversas faixas etárias, impedindo a dispersão e promovendo, real e definitivamente, o estímulo à leitura, a convivência com o livro como uma ferramenta, um remédio, um brinquedo, um interlocutor. A Jornada Nacional de Literatura dignificou ainda mais uma série de eventos que resultavam mais comerciais que outra coisa, e tratavam o livro como simples mercadoria. A Jornada Nacional de Literatura surgiu, ampliou-se, aperfeiçoou-se no caminho de atingir o coração tanto do leitor em potencial quanto do leitor já formado. Como escritor que visitou tanto feirinhas de livro escolares em pequenas cidades quanto a internacional Feira do Livro de Frankfurt, “a maior do mundo”, afirmo, tranquilamente, que, por suas peculiaridades, a Jornada Nacional de Literatura trata-se do evento capital da promoção da leitura e do encontro entre grandes e desconhecidos escritores e um público ávido. Cada vez mais ávido, motivado pelo merecidamente consagrado evento que ocorre em Passo Fundo. Não há nada parecido com isso no mundo. O Brasil, um país de tão raros leitores, necessita como poucos de algo tão especial e raro. E tem: a Jornada Nacional de Literatura da Universidade de Passo Fundo.
Paulo Bentancur
Essas Jornadas são talvez o projeto mais antigo e mais importante da vida literária brasileira não só pela alta qualidade intelectual dos seus participantes, como também pelo positivo resultado de suas realizações.
Trata-se também de um anual e ansiado encontro de escritores, artistas, pesquisadores, poetas e artistas, que durante alguns dias têm chance de trocar ideias, debater teses e resolver dúvidas. É um festival de inteligências e de culturas, produzido pela professora Tania Rösing, com sua equipe, e incentivado pela Universidade de Passo Fundo, com seus professores.
Murilo Melo Filho
A Jornada Literária de Passo Fundo abriu de repente, para meu olhar dirigido às coisas do mundo, que então passaram a me concernir naquele contexto gaúcho, um horizonte de cores quentes, em meio a um inverno para o qual eu tinha ido despreparada, sem roupas adequadas, a fim de ministrar um curso sobre estilo, leitura e leitor, na perspectiva das ciências da linguagem, ou, mais especificamente, dos estudos do texto e do discurso, em especial a semiótica. Logo na chegada, guiada pelas sensações imediatas, afastei-me pouco a pouco das reflexões teóricas e metodológicas que me tomavam a mente. Entreguei-me à comida boa e farta, soltei-me com alegria e sem medo nos colóquios amigáveis que se desprendiam das mesas democraticamente organizadas num grande salão: sentada junto de Mia Couto, Sérgio Capparelli e terna esposa na primeira refeição e Tania Rösing, a magnânima Tania, o aconchego vital passou a amparar meu corpo peregrino, de ossos frágeis em meio àqueles ventos gelados, tão menos cortantes quanto mais se tornavam presos do lado de fora do salão, ou presos longe dos meus delírios de ser irreversivelmente gauche na vida. Começa a Jornada Literária. Com minha humanidade fortalecida naquele universo de pulsação intelectual de Passo Fundo, passei a ministrar meu curso, por meio de voz e inspiração melhoradas; no vórtice dos eventos, minha curiosidade tanto mais era instigada, quanto mais participava, na plateia, das mesas redondas. Simultaneamente, ora partilhava de falas de escritores, ora ombreava espontaneamente com pensadores do estatuto de Carlo Ginzburg; ou apreendia no meu coração emocionado depoimentos como o de J. Mindlin, ou afinava minha escuta para, bem de perto, ouvir os ecos de uma humanidade afim com a minha e com a nossa, a de Mia Couto, que recebia sem pose o prêmio máximo concedido pela organização do evento. Subindo e descendo pela feira de livros, contornando-a feliz, com a alma-criança permiti que meu olhar, tão sombrio durante a viagem de São Paulo ao Rio Grande do Sul, se esquecesse de todo peso e, assim, pudesse passear entre infinitas alamedas de azaleias, desdobradas do rosa ao lilás. Da Jornada resultou um artigo na revista Desenredo (v. 3, n. 2, julho, dezembro 2007), do programa de pós-graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo - “Estilística discursiva: modos de presença do sujeito”, a convite da professora. Telisa F. Graeff, participante do meu curso. Mas valem agora para a memória as possibilidades eufóricas de encontro do sujeito com o mundo, desde que esse sujeito abra algumas das portas de dentro de si, para os ventos do imprevisto, que pode estar carregado de tépidas fragrâncias. Vale ainda mais este fato: o mundo tinha de ser Passo Fundo, e a luz, a cor e o calor tinham de ser daquela Jornada Literária, regida pela batuta entusiasta da coordenadora geral, Tania Rösing, esta, sim, um sujeito da utopia.
Norma Discini
Encanta-me o sentido de permanência. Nada acontece em vão. Há um entrelaçamento de fatos e ações que leva à perenidade do fazer literário. Encanta-me a acolhida. Os braços de Passo Fundo é todo o Pampa no contraste da amplidão e do aconchego. Encanta-me a solidão companheira. Como todos falam a mesma língua, cada um se encastela em suas crenças e as partilha com todos. Somos solitários nos conhecimentos, mas solidários na necessidade da partilha. Encantam-me a multidão, a plateia atenta e curiosa a nos parar para um dedo de prosa, uma dúvida a mais, um comentário, e tudo movido por uma única paixão: a literatura.
A identidade da Jornada Literária de Passo Fundo é assim, uma rede de balançar. Nasceu no Brasil, se presta à dolência criativa e à reflexão abissal, e nunca está vazia.
Maurício Melo Júnior
As Jornadas Literárias de Passo Fundo não são apenas eventos culturais, pois elas formam leitores de qualidade. Quando participei de uma Jornada, fiquei impressionado com o interesse desses jovens leitores pela literatura. Foi, sem dúvida, uma experiência incrível quanto ao diálogo denso e consistente entre autor e público leitor. Penso que as Jornadas são importantíssimas não só para o Rio Grande do Sul, mas também para o nosso país. E torço para que essa experiência exitosa seja realizada em outras cidades brasileiras.
Milton Hatoum
Costumo dizer que nem todo encantador de pessoas é um encantador de leitores, mas todo encantador de leitores, antes de tudo, é um encantador de pessoas. Há treze anos tenho constatado isso, falando sobre a serventia do encantamento, na vida da gente e na formação de leitores, em palestras e oficinas, por todas as regiões do Brasil.
A realidade é que temos bem menos leitores do que gostaríamos e um bocado mais do que imaginamos. Nesse sentido, ter participado da Jornada Literária de Passo Fundo, onde tudo é feito por verdadeiros encantadores de leitores, com tanta organização, tanto entusiasmo e tanta dedicação, me mostra o quanto os brasileiros amam ler e consumir livros, sim. Em geral, o que falta à maioria é só a sedução certa, da forma certa, de um modo autêntico, surpreendente e inesquecível, marcas indiscutíveis da Jornada e de sua equipe, ao longo desses trinta anos.
Márcio Vassalo
As Jornadas de Passo Fundo são linhas que bordam um pano rústico. A cada fio desenhado no tecido vai surgindo a forma bela e mágica da palavra. E uma costurada a outra faz aparecer na superfície áspera uma nova frase, que se junta à seguinte até mostrar uma textura sensível ao sopro da vida, e passa a ser denominada literatura.
Imaginemos muitos tecidos bordados que se juntam estendidos ao longo dos dias, como um varal vibrante de palavras. É o que vemos e vivemos nesse encontro de fios coloridos não apenas como num evento, mas é um projeto valioso que começa na raiz, na preparação para ao gosto da leitura. E nos autores orgulhos em participar desse bordado sem fim, entramos no clima de magia, envolvidos pelos desenhos que palpitam nas mãos das crianças e aos olhos dos leitores, de qualquer idade.
Luciana Savaget
Trinta anos das Jornadas Literárias de Passo Fundo. Quantos eventos você conhece e que chegaram aos trinta anos? E num corpinho de vinte... jovial, alegre, rico em experiência humana, de troca, de educação, de civilidade, de cultura.
Um evento em que toda a cidade se mobiliza. Não se fala de outra coisa. No comércio, na rodoviária, no boteco, nos restaurantes. E as tendas que vertem gente pelo ladrão? Um sucesso a Jornadinha! Crianças e livros: melhor casamento não há.
A Jornada é o maior e o melhor evento cultural de que já participei na vida. Os cursos, as palestras, a feira de livros, as apresentações artísticas – tudo otimamente organizado, cumprindo horário, sem atropelo e sem atraso. E a receptividade aos colegas que chegam de fora, como foi o meu caso? Quente e aconchegante como só no Sul se sabe fazer.
E a metodologia da movimentação cultural? Tudo ao mesmo tempo agora, bem ao gosto da pós-modernidade. E tudo é bom. Ficamos querendo estar em todos os lugares, mas temos contentamento porque sabemos que todos ali estão, cada um em sua atividade, realizando o sonho de país do grande Celso Furtado; o verdadeiro “enriquecimento cultural da sociedade.”
Manoel Marcondes Machado Neto
Como explicar em palavras o encantamento, a emoção? Se as palavras nascem da lógica, se as sentenças são súditas da sintaxe, o que faz meu coração aqui no meio da frase, batendo forte com as lembranças de uma visão de alegria e de apoteose?
Fazia frio, mas as flores das azaleias se exibiam despudoradamente coloridas, indiferentes à temperatura. Custei a chegar, o mau tempo cancelara voos, agrupara peregrinos em ônibus que atravessavam, vagarosos, as estradas. Lentamente fomos nos aproximando de nosso destino. Os que já haviam participado antes avisavam: É indescritível! Os novatos, como eu, sorríamos um pouco descrentes: Seria possível?
Meus olhos se abriram tentando abranger a enorme tenda azul e amarela, as bandeiras que tremulavam nos postes, os cartazes coloridos anunciando atrações: Um circo! Descomunal, enorme, o maior espetáculo da Terra! Ali, debaixo da tenda, friorentos, mais de cinco mil leitores se reuniam para escutar e aplaudir autores, críticos, professores. Nunca testemunhei tamanha vibração numa plateia. Aqueles poucos dias, a cada dois anos, coroam os esforços de um grupo extraordinário de professores idealistas, que ensinam mais do que literatura: ensinam o valor e a possibilidade do sonho!
Me diverti, me emocionei, fiz amigos, mas, em primeiro lugar, aprendi que um evento dessas proporções é fruto de um trabalho constante e sério, que visa não à glória, sempre passageira, de uns ou outros. Ali, sob a tenda gelada, o bem comum estava agasalhado. E para que ele florescesse, como as vibrantes azaleias, fora preciso a determinação pétrea, a organização impecável, o esforço conjunto, a agudeza de ideias, o espírito prático. Era um povo inteiro que estava representado ali. Era a literatura, com seus encantos, que nos unira. Passo Fundo é a capital literária do Brasil!
Lúcia Bettencourt
As Jornadas Literárias de Passo Fundo combinam relevância acadêmica com relevância social, pois unem pesquisadores de processos e produtos para a formação inicial e continuada do leitor com um contexto em que a leitura é a principal estrela, servindo como pano de fundo anterior ao evento nas escolas da região, e gerando frutos no sistema em que se insere, ao mobilizar agentes educacionais para a autorreflexão sobre seus próprios ambientes de atuação.
Não é à toa, portanto, que ao longo dos últimos trinta anos a implantação de práticas de muito sucesso (em nível internacional) para a formação inicial e continuada de leitores fez com que na região abrangida pelas Jornadas haja índices de leitura três vezes superiores aos do resto do país. Trata-se de um exemplo, portanto, para o resto do país.
José Luís Jobim
As Jornadas Literárias de Passo Fundo são a vanguarda do que se deve fazer no Brasil pelo avanço da capacidade leitora dos nossos cidadãos. Ao utilizar uma metodologia que é contínua, realmente capacitadora e formadora de mediadores de leitura e de leitores, fugindo de concepções que enaltecem apenas o evento em forma de congresso, as Jornadas inovaram e fizeram escola. Ao congregar milhares de pessoas durante quase uma semana em Passo Fundo, o grupo de militantes incansáveis pela leitura liderados pela professora Tania Rösing tem nesse encontro o ápice de um trabalho que é executado durante todos os meses precedentes em escolas, comunidades, etc. Talvez por isso as reuniões sob a lona do grande circo da leitura sejam tão inesquecíveis, tão motivadoras, tão enriquecedoras de teorias e de afetos que se renovam a cada palestra, a cada mesa-redonda, a cada espetáculo. Além dos parabéns pelos trinta anos, as Jornadas merecem um definitivo reconhecimento do Brasil, que deveria viabilizá-las como atividade imprescindível, tornando-as patrimônio imaterial do país e com recursos garantidos para que sua atividade se torne perene!
José Castilho Marques Neto
Penso que o leitor geralmente nasce cedo, formado em casa e na escola também. Esta é a parte que cabe a vocês da Jornada neste amplo latifúndio de formação de seres articulados e envolvidos com o mundo. Um trabalho que vale por mil discursos de boas intenções e que extrapola os limites acadêmicos ao se espalhar Brasil afora a partir do Sul do país. Uma das sensações que ficam é a imensa vibração nas tendas com aquela plateia imensa plugada nas leituras e disposta a saber mais e mais sobre literatura. Vale uma referência também a Passo Fundo. A cidade tem seu poder de sedução. Andei por ela, entrei em livrarias, achei os jornais que queria ler (esta é uma tarefa minha em qualquer lugar!), tomei bons vinhos e atravessei a madrugada em conversas ótimas sem pauta pré- definida. Para os autores - uma raça prá lá de carente - este é o melhor dos mundos. Vida longa à Jornada de Passo Fundo.
Inimá Simões
Tania Rösing rindo e fazendo comentários inteligentes e divertidos aos autores que chegavam para o almoço, intervalo agradável na Jornada de Passo Fundo. A gargalhada acolhedora, o olhar atento, os gestos competentes. A Jornada de Passo Fundo inscreveu-se no meu currículo pessoal como um espaço no qual se compartilha o amor pelos livros e leitores. Livros como portais para a sensibilidade e amizade. Palestras para grande público, debates para professores, sessões de autógrafos se sucediam num clima expansivo e caloroso. Ao término das atividades, a vontade de agradecer à equipe toda e desejar que essas feiras se multipliquem por todo o país.
Heloisa Prieto
Estive na Jornada Literária de Passo Fundo uma única vez, mas a intensidade dessa experiência vivida em 2007 deixou impressões muito marcantes em meu espírito. Só assim pude entender de forma plena a fama e a aura que esse evento adquiriu ao longo do tempo, no Brasil e no exterior. E permaneceu na memória um irisado mosaico de sentidos muito positivos associados a essa Jornada tão cheia de vida e a seu colossal esforço de promover a leitura, a formação de leitores e a literatura em nosso país, aproximando de maneira fraternal e festiva tanta gente envolvida com o assunto, num só tempo e lugar: poesia, movimento, passagem, cor, alegria, trabalho, diferença, abertura, fantasia, curiosidade, caminhada, mergulho, viagem, ousadia, música, encanto, vertigem, engenho, criação. Agora é ficar na espera boa pela próxima Jornada...
João Luís Ceccantini
Passo Fundo. Nunca vou esquecer. A professora Tania Rösing estava fazendo um bonito discurso. Era a abertura da 12ª Jornada Literária. De repente, ao invés de se manter na linha do discurso, Tania seguiu pelo caminho da poesia. Começou a cantar. O auditório foi tomado pela surpresa. O que era palavra havia se feito deslumbramento e música. Meu Deus, que emoção. As lágrimas me desciam pelo rosto, desmedidas. Eu não via o rosto das outras pessoas, mas um barulhinho de nariz se multiplicava, me dizia que todo o auditório estava vivendo a mesma emoção. Era assim - com este abraço de arte - que a professora Tania cumprimentava a plateia, iniciando mais uma Jornada Literária. Meu Deus, que maravilha são as Jornadas Literárias de Passo Fundo. Elas são desse jeito, em cada detalhe e no seu todo, verdadeiramente e profundamente marcadas pela arte. Essas Jornadas são, de fato, estratégia para formação de leitores. Enquanto programa contínuo, com muitos desdobramentos, elas trazem a literatura para o cotidiano de crianças e adultos. E estão com isso mudando a vida de um povo.
Elizete Lisboa
Participei três vezes da Jornada, duas delas como ouvinte e a terceira fazendo parte de uma mesa organizada pelo professor Luís Augusto Fischer, que tinha a missão de discutir a literatura gaúcha dentro do panorama nacional e internacional, que a Jornada de Passo Fundo sempre apresenta. O que há de mais bonito na Jornada, na minha opinião, é que ela leva a literatura para a agenda da cidade e das pessoas. Um lançamento de livro passa a ser tão comentado quanto o jogo o final de semana. E não são apenas os professores e estudantes de literatura que se interessam. De dois em dois anos, Passo Fundo toda se transforma em um lugar de livros e ideias que continuam vivas depois que o evento termina e até a próxima Jornada. E assim tem sido há trinta anos.
Claudia Tajes
Estímulos para uma leitura ampla. Assim posso definir a Jornada. Um evento onde a arte é leitura em todas as suas formas de expressão, sem deixar de lado o valor emocional e social que o livro representa.
Ler com o olhar, ler com o sentir, ler com o pensar. Teatro, dança, música, literatura. Uma leitura de trajetória vitoriosa, abrindo caminhos que permitem captar e aplicar em si mesmo, expandindo para os outros, os melhores benefícios que a arte e todas as suas palavras podem proporcionar.
Os autores se assustam com a grandiosidade do evento. Os leitores se surpreendem com a alegria com os criadores. A literatura encanta a imaginação dos que estão presentes. Todos festejam o livro e essa festa desperta ainda mais a curiosidade para um olhar de descoberta.
E para mim, que leio a infância, foi mágico sentir que, sobretudo entre os jovens, existe a necessidade de estimular o amor ao livro, transformando o prazer de ler num elemento essencial para o crescimento pessoal, cultural, social e econômico.
André Neves
Desde que tomei conhecimento da existência de que uma cidade inteira se preparava durante o ano todo para viver uma intensa jornada de leituras, quis conhecer Passo Fundo e essa equipe fantástica, capaz de transformar a literatura em objeto de desejo de leitores descompromissados com tarefas escolares. Ler para viver! Viver para ler! Ler para encontrar o outro e a si mesmo!
Quando pude finalmente participar da Jornada de 2007, foi uma experiência única, para nunca mais esquecer! Fazer parte da vibração do público/ouvinte/leitor de todas as idades foi um deleite e um aprendizado para a vida toda.
Obrigada Tania e equipe. Vocês cumprem realmente a missão de formar leitores!
Alice Áurea Penteado Martha
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